Acompanhando pela mídia a discussão das autoridades sobre o momento certo de flexibilização da quarentena do COVID-19, vemos a retomada das rotinas escolares como uma das grandes preocupações. Este vírus é muito agressivo e, considerando as pesquisas científicas mundiais, o isolamento social é a prática mais eficaz para minimizar a transmissão.
O ambiente escolar, que estamos acostumados, propicia muito o aumento dessa transmissão. Um lugar onde existe o contato direto entre alunos, professores e funcionários, dentro de uma estrutura de salas de aula com alta taxa de ocupação, além de um sistema de climatização, muitas vezes, deficiente. Especialistas das áreas médica e pedagógica e autoridades públicas debatem sobre as melhores práticas a serem adotadas de modo a preservar o isolamento sem prejudicar o comportamento socioemocional das crianças e jovens. Essa é uma discussão que precisa ser amadurecida, não pode e não deve ser apenas um ato administrativo, pois, envolve a estrutura escolar, os alunos, as famílias, e as legislações sanitárias e trabalhistas.
Pensando nas salas de aula e nos demais ambientes internos, considerando o clima do RJ e os ruídos gerados dentro do ambiente escolar, será difícil considerar esse retorno sem a utilização de salas climatizadas. O ar condicionado pode ser um aliado nesse processo, desde que observadas as boas práticas de engenharia para o projeto, instalação e manutenção e atendam as normas de implantação do PMOC ( Plano de Manutenção Operação e Controle).
Um ar de boa qualidade, dentro de condições controladas, é fator essencial nesse processo de retomada.
Pesquisas informais indicam que mais de 90% dos ambientes que utilizam equipamentos tipo split, não possuem nenhum sistema de renovação de ar e quando possuem muitas vezes as filtragens são inadequadas. O sistema de renovação de ar introduz no ambiente climatizado uma parcela de ar exterior filtrado que irá se misturar ao ar recirculado diluindo as parcelas dos compostos indesejáveis presentes no ambiente. Entre os diversos compostos presentes, o CO2 é um dos que mais aparece em ambientes com alta taxa de ocupação, sendo utilizado como um marcador para a indicação da necessidade de renovação de ar. O teor de CO2 acima dos limites permitidos interfere na capacidade cognitiva das pessoas prejudicando a saúde e o raciocínio.
Como profissional de engenharia, a minha recomendação é que sejam seguidas as normas existentes para projeto, instalação e manutenção, além da utilização de novas tecnologias, já disponíveis, para a eliminação de microorganismos indesejáveis como vírus, fungos e bactérias, para proporcionar um ambiente mais saudável.
Normas de referência:
- Portaria 3523 de 28/08/98 do M.S, publicada no D.O.U em 31/08/98.
- Resolução RE- 009 da ANVISA, aprovada em 16/01/2003 e publicada no D.O.U. em 20/01/2003.
- Decreto Municipal 22281 – D.O.Rio – 21/11/02.
- ABNT NBR 16401-1 / 16401-2 / 16401-3 – 2008.
- Lei 13589 de 04/01/2018 e publicada no D.O.U em 05/01/2018.
- Documento de posição da ASHRAE (American Society of Heating Refrigerating and Air-Conditioning Engineers), sobre aerossóis infecciosos de 14/04/2020.
“Qualidade de vida começa no ar que você respira”