As doenças respiratórias, segundo especialistas, são as maiores causas de afastamento no trabalho, escolas e em demais atividades exercidas em ambientes fechados. Há alguns anos, a discussão sobre a QAI está na pauta, mas muito pouco foi feito para atender às necessidades de melhoria dos sistemas de climatização. Doenças como bronquite, rinite, tuberculose, H1N1, pneumonia, entre outras, já existiam e contaminavam com grande frequência os frequentadores desses ambientes. Com o aparecimento do COVID-19 e devido ao seu elevado grau de contaminação, a preocupação com essas doenças ficou em segundo plano.
Considerando a grande transmissão das doenças respiratórias em locais climatizados e o descuido com as instalações e manutenções desses sistemas, alertamos para a necessidade de execução da rotina de manutenção conforme estabelecida no PMOC (Plano de Manutenção Operação e Controle) e sua execução realizada por profissionais qualificados. Essa manutenção se estende aos serviços eletrônicos, eletromecânicos, filtragens, higienização, elementos de distribuição do ar de insuflamento, ar de retorno, tomada de ar externo e sistema de monitoramento, além da análise periódica da qualidade do ar.
Para sistemas com condensação a água é de fundamental importância o controle da qualidade da água para prevenir corrosão dos sistemas hidráulicos, entupimento dos condensadores e proliferação de bactérias. Com relação às bactérias, existe atualmente, uma grande preocupação com a Legionella, considerada uma bactéria muito agressiva, que se propaga por aerossóis e está sendo encontrada com grande frequência em bacias de torres evaporativas e em reservatórios de água potável dos edifícios. Sobre esse assunto, acabou de ser publicada a NBR 16824 da ABNT.
Nos sistemas de expansão indireta, onde é utilizada a água como fluido refrigerante trabalhando em circuito fechado, o tratamento deve permanecer conforme os padrões já adotados nas rotinas atuais, observando as características especiais de cada instalação e as recomendações apresentadas pela RENABRAVA-10 para o período de parada do sistema.
Considerando as instalações de ar condicionado já existentes e visando a melhoria rápida da QAI para que o ambiente volte a ser ocupado, sugerimos abaixo algumas providências a serem tomadas, sem esquecer do uso de EPI, higienização adequada e que as normas de afastamento entre os ocupantes devem ser cumpridas.
Sistemas Centrais de expansão direta ou de água gelada:
- Higienização da casa de máquinas com remoção de materiais não pertencentes ao sistema. Por norma, as casas de máquinas não podem ser usadas como depósito;
- Vedação de aberturas irregulares que possam vir a existir na casa de máquinas que possibilitem a entrada de ar de locais indesejados;
- Manutenção e higienização dos equipamentos;
- Instalação de lâmpadas UV-c nas serpentinas evaporadoras, se possível;
- Substituição dos filtros com melhoria da classe de filtragem dentro da capacidade do equipamento;
- Ajuste da vazão da tomada de ar exterior, aumentando se possível;
- Substituição do filtro da Tomada de ar exterior;
- Ajuste das vazões do ar de retorno;
- Controle da umidade relativa do ar entre 40 e 65%, se possível;
- Utilização de tecnologias ativas com a Instalação de células foto catalíticas nos dutos de insuflamento.
Sistemas independentes ou desmembrados tipo Split:
- Manutenção dos equipamentos;
- Instalação de caixa de ventilação com filtragem para insuflamento de ar exterior;
- Instalação de lâmpadas UV-c nas serpentinas evaporadoras, se possível;
- Lavagem ou substituição dos filtros com melhoria da classe de filtragem quando o equipamento permitir;
- Utilização de tecnologias ativas com a Instalação de células foto catalíticas nos dutos de insuflamento. Para ambientes com evaporadoras tipo wall ou piso/teto, as células podem ser instaladas no equipamento ou no sistema de ar exterior.
Redes de dutos:
- As redes de dutos devem ser higienizadas conforme a periodicidade estabelecida no PMOC. Considerando a atual situação esse procedimento de higienização deve ser efetuado de acordo com o resultado das análises e inspeção do sistema.
Exaustão de Sanitários:
- Os equipamentos de exaustão de sanitários deverão permanecer ligados durante todo o período de ocupação do ambiente de trabalho. Essa exaustão além de executar a função principal a que foi projetada, auxiliará na diluição dos contaminantes dos ambientes adjacentes.
Observações:
- Para a substituição de filtros: Estes deverão ser imediatamente ensacados para descarte. Em ambientes hospitalares e demais ambientes classificados como de biossegurança, os filtros deverão ser descartados junto com o lixo hospitalar. Para ambientes de conforto, esses filtros podem ser descartados no lixo comum;
- Entende-se por tecnologias ativas aquelas que agem no meio ambiente e em superfícies de maneira constante. As células fotocatalíticas irão gerar um plasma oxidante de peróxido de Hidrogênio que combaterão os micro organismos e demais contaminantes no ar e nas superfícies internas;
- Para os sistemas que não possuam o PMOC, esse deverá ser providenciado para que sejam efetuadas as devidas correções e a instalação fique legalmente habilitada;
- Para esse período de paralisação durante a pandemia, no que diz respeito ao tratamento de água, deverão ser observadas as recomendações da RENABRAVA-10.
Para uma análise mais detalhada e orientações corretas para as adequações de cada sistema, um profissional da área deverá ser consultado.
Normas de referência:
- Portaria n0 3523 de 28/08/98 do M.S, publicada no D.O.U em 31/08/98.
- Resolução RE n0 009 da ANVISA, aprovada em 16/01/2003 e publicada no D.O.U. em 20/01/2003.
- Decreto Municipal n0 22281 – D.O.Rio – 21/11/02.
- ABNT NBR 16401-1 / 16401-2 / 16401-3 – 2008.
- ABNT NBR 13971 – 2014.
- Lei no 13589 de 04/01/2018 e publicada no D.O.U em 05/01/2018.
- Documento de posição da ASHRAE sobre aerossóis infecciosos de 14/04/2020.
- Recomendações RENABRAVA -10 da ABRAVA.
“Qualidade de vida começa no ar que você respira”